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Reconhecimento facial: bom ou ruim?


O reconhecimento facial já está ficando comum no dia a dia: muitos smartphones e notebooks possuem a tecnologia embarcada, basta olhar para a tela que eles fazem o reconhecimento e dão acessos às informações. No caso de notebooks a complexidade é maior, pois, dependendo do usuário, é carregado o perfil de forma personalizada.


Esse é um reconhecimento de menor alcance, mas existem aqueles de forma massiva, que é realizado por governos, grandes empresas de tecnologia e financeiras. Pode ser que até mesmo os pets não vão escapar dessa tendência.


A união europeia, desde 2005, vem criando um banco de rostos de pessoas, captadas por autoridades de cada país. O projeto chamado Prüm II vai criar a maior rede de identificação facial do mundo. Segundo Lilian Primo Albuquerque, vice-presidente de tecnologia da ANEFAC, o objetivo dessa rede é, através de inteligência artificial, acelerar a captura de suspeitos foragidos, facilitando a cooperação entre diferentes países no bloco.


“Empresas financeiras também estão de olho nessa tecnologia e alguns países do mundo já começam a estudar a possibilidade de exigir que as transações tenham a obrigatoriedade de autenticação de dois fatores. Isso acelerou o setor a começar a pesquisar uma opção, caso avance essa exigência, e o reconhecimento fácil parece ser o segundo fator de proteção escolhido por essas empresas como mais promissor”, explica Lilian, que cita ainda alguns exemplos:


A Mastercard começou um teste com essa tecnologia aqui no Brasil e será possível fazer pagamentos sem utilizar cartões, smartphones ou senhas. A empresa informa que seu programa de pagamento permitirá que um consumidor escaneie seu rosto usando o aplicativo de um varejista e vincule sua imagem a um cartão de banco.


A rede de supermercados St Marche, da cidade de São Paulo, escolheu a solução Payface de uma startup catarinense reconhecida por meio de pagamentos por reconhecimento facial, como parte de um programa global da Mastercard voltado às transações com biometria. O projeto piloto na varejista começou em maio e atingirá 40 posições de vendas que serão implantadas nas unidades dos bairros Rebouças, Itaim, Brooklin, Moema Pavão e Moema Jauaperi.


A VISA está implantando uma camada extra de proteção que usará uma senha ou o reconhecimento facial para compras recorrentes com cartão de crédito dentro de aplicativos. A fase de implantação está avançada e a expectativa é de um uso massivo da tecnologia até o final do ano.


Os principais bancos do país como Bradesco, Caixa Econômica Federal e Itaú Unibanco informaram que o recurso de reconhecimento facial vai estar presente em seus aplicativos ainda este ano para dar mais segurança nas transações financeiras de seus clientes; o Santander já saiu na frente e alguns clientes já estão usando o serviço em seus aplicativos.


A Amazon lançou no mês de maio seu primeiro assistente de voz com reconhecimento facial, o Eco Show 15. A ideia é que cada pessoa da família possa criar perfis e usar reconhecimento facial para o assistente reconhecer e mostrar as informações personalizadas para cada pessoa, como compromissos, lembretes, músicas reproduzidas recentemente e muito mais.


Outras empresas que não se pode esquecer, quando se trata desse assunto, são a Google, a Apple e a Meta, que sempre investiram pesado nessa área da tecnologia.

Uma startup brasileira está apostando em reconhecimento facial para pets, ou nesse caso, reconhecimento do focinho. A ideia é que com um app no celular você mire a câmera para o pet e o aplicativo o identifica, podendo conter os dados do tutor, como informações sobre vacinas, endereço do animal, contato em caso de perda entre outras informações.


“Mais nem tudo são flores, com esses sistemas de reconhecimento, voltamos a questão da privacidade: será que vale renunciar à nossa privacidade para as facilidades da tecnologia? Vale lembrar que recentemente a Justiça bloqueou as tecnologias dos sistemas de reconhecimento facial do Metrô de SP pois, segundo ela, está presente a “potencialidade de se atingir direitos fundamentais dos cidadãos. O Metrô não tinha apresentado informações precisas sobre o armazenamento das informações e finalidade da utilização do sistema de reconhecimento pessoal”, pondera Lilian.


A questão da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) é um ponto a ser considerado. Cada vez mais empresas privadas e do setor público estão armazenando fotos, vídeos e dados pessoais. Quem irá garantir a não utilização desses materiais sem nossa autorização?


De acordo com Lilian, uma comissão de juristas, formada pelo Senado brasileiro, está discutindo a regulamentação da inteligência artificial no país. “Até o início de agosto o colegiado deve elaborar um anteprojeto de marco regulatório para a inteligência artificial. Em um balanço dos debates que ocorreram desde abril sobre o tema, parece unânime a ideia do banimento dos sistemas de reconhecimento facial pela polícia”, avalia.


A ideia de uma inteligência artificial ter neutralidade já foi debatida em vários estudos, e muitos deles chegaram à mesma conclusão: essa neutralidade não existe, pois, a máquina é programada pelo homem.


Ao finalizar, Lilian entende que o fato de uma inteligência artificial ser usada para acessar câmeras espalhadas por todos os lugares ou mesmo o governo utilizar nossos celulares para procurar “pessoas más” é muito subjetivo: “Que garantia teríamos de governos autoritários não usarem essas mesmas tecnologias para buscarem pessoas ou raças específicas; infelizmente sabemos do que a humanidade é capaz, basta olhar nosso passado”.


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